Encontrava-me perdido, desesperado mesmo, e calado no entanto, cheio de orgulho e pena de mim mesmo e dor de uma perda que pensava irreparável. E no silêncio da dor e do desespero, conseguiste chegar e ver-me, ver-me mesmo, em toda a plenitude do meu ser. Estendeste-me a mão num honesto cumprimento de quem vê alguém querido, e falaste, palavras estranhamente cúmplices de quem vê realmente. Não te limitaste às tão abusadas frases feitas de quem tenta se tentar animar alguém que não pode ser animado de forma alguma, e conseguiste sem tentar libertar os grilhões aos quais estava amarrado, fazer cair a meus pés essas etéreas correntes, as quais toda a minha força e falta dela não conseguiram quebrar.
Palavras de quem ouve e percebe o silencio e o vazio do meu olhar, gesto simples de quem despreocupadamente oferece ajuda sem nada esperar de volta. Palavras que eliminaram sem qualquer chance de resposta essa perdição onde me encontrava, permitindo-me sorrir, sorrir mesmo, sem ter que disfarçar o desespero que eliminaste, a dor que eu insistia em sentir.
E como se não bastasse, além disso, sem te aperceberes, devolveste-me o propósito que me faltava para poder seguir em frente, sair deste buraco onde me enfiei para escapar ao mundo e à dor do vazio por ela deixado, o objectivo que esquecera ter, mas que nunca havia desaparecido.
Sabes, tens razão. O mundo tem o direito de ver e sentir aquilo que tenho para mostrar e ensinar, por pouco que possa sentir ter a dar, pois de alguém que dá o que tem, jamais se poderá exigir mais. E tudo o que tenho são sentimentos sem alvo e palavras silenciadas antes de serem proferidas.
Mas antes de tudo isso poder ser feito, o mundo deve saber aquilo que neste momento mais preciso dizer.
Obrigado Iron.
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