sexta-feira, 3 de outubro de 2014

O fim do Inicio

Restava-lhe a lealdade ao seu principe regente, e o rigor no cumprimento da missão, e as tarefas enfadonhas de burocracia que o asilo necessitava todas as noites. Estava finalmente à beira do abismo. E havia dado momentaneamente um passo em frente.
Ainda que estivessem a começar a habituar-se a trabalhar juntos, os protegidos de Weiss estavam longe de confiar uns nos outros. E essa noite, essa confiança havia sido ainda mais abalada.
Incumbidos por Crow de resgatar três joias que haviam sido roubadas, e cuja protecção era imperativa, separados em pares e forçados a trabalhar em frentes separadas, foram levados a enfrentar alguns desafios. Para Marcos, a perda de Arabella fora um golpe duro, quase fatal.
A paranoia de estar no centro do iminente ataque dos Escarlates a Nosgoth, a dor, a raiva, o tedio da eternidade. O conjunto de tudo colocara Marcos num estado explosivo. E apenas Edward foi testemunha do macabro sorriso no rosto de Marcos, do medo reflectido nas faces dos bandidos. E, pior que tudo, do seu olhar demoniaco fixo no seu, penetrando até as sombras que rodeavam Edward, um esgar de profundo ódio.
Edward conseguiu apanhar ambas as joias, sob o sorriso e o esgar de Marcos, quando sentiu o seu companheiro a virar o seu poder contra si. Sentiu as joias a quase serem arrancadas pela força da mente de Marcos das suas mãos, tentando encontrar um forma rapida de ultrapassar as chamas infernais que Marcos colocara na unica saída da sala subterranea.
Felizmente Marcos recuperara a tempo o controlo de si mesmo, causando com que as chamas e as sombras infernais por si controladas se dissipassem, permitindo a Edward sair da sala rapidamente, sem olhar para trás e ver o que aconteceram.
Mas Marcos sabia o que havia acontecido. Perdera de novo o controlo da sua insanidade, os seus demonios internos subindo acima e tomando o controlo, a sua mente temporariamente perdida.
Foram alguns momentos apenas, mas e se tivesse sido mais tempo? Edward poderia ter morrido às suas mãos, e ele teria a eternidade para se arrepender de tal.
Não podia dar-se ao luxo de perder o controlo, não quando isso implicava colocar em risco as vidas daqueles que lhe eram minimamente próximos. Precisava de uma solução, de um conselho, de algo que lhe permitisse controlar aquela parte destrutiva de si.
Precisava daquele que o criou...

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