Sem dinheiro, sem apoio,
sozinho, em estado de meditação (homicida) permanente, sobrevivendo
dia a dia usando habilidades secretas que todos desconhecem que
possuo. Sobrevivo com as recompensas e prémio da arena, luto com a
eficacia e sangue frio que sempre me foram caracteristicos em
batalha. Sobrevivo contra todas as probabilidades e desafios, na
esperança de um dia melhor.
Sou quase feliz, apesar de
tudo. Ou, reformulando, sou moderadamente feliz, um estoico estado de
quase neutralidade, de desapego, de descontente contentamento com
circunstancias que o tempo irá resolver, com ou sem a minha
intervenção. O tempo resolverá sozinho os meus problemas. Mas cabe
a mim assegurar que os desejos que possuo são ou não cumpridos.
Desejos e imagens felizes
imaginadas, e sensação de que estou a tomar a escolha errada no meu
exilio auto-imposto.
Há uma irreverente ironia
na forma como as coisas têm acontecido na minha vida recentemente,
quase como se uma qualquer força externa se divertisse a colocar no
meu caminho situações e pessoas que me fazem reconsiderar as minhas
decisões.
Quando a Jess acabou
comigo, desejei solidão e paz.
Apareceu a Sun,
arrancou-me da solidão, fez-me sentir vivo e desejado, curou, ou
pelo menos acelerou a cura do meu coração. Fez-me perceber que o
fim da minha relação com a Jess não era de todo o fim da minha
vida, mas apenas o fecho de um capitulo.
Tirei uns dias, isolei-me
do mundo durante uns três dias, passados em meditação, dos quais
resultou uma escolha, uma decisão minha e um caminho a seguir.
Sentia-me bem com ela.
Começara a gostar dela, a sentir pequenas pontadas de saudade quando
estava longe dela.
Saí do isolamento, com a
minha escolha tomada e pronto a agir baseado nela.
Havia escolhido manter-me
com ela, dar a ambos quer a liberdade quer o melhor daquilo que
tinhamos até aí. Tentar transformar isso em algo belo.
Ela escolheu não ficar
comigo. Não me interessava a razão, interessava-me apenas o facto
de a escoolha dela invalidar a minha.
Voltei ao isolamento, ao
meu casulo, e resolvi que não iria preocupar-me. Que iria
simplesmente aproveitar o que tenho e selar todo o possivel
envolvimento com outros, evitando assim causar mais sofrimento, esmo
quando eu não sou pessoa que goste de estar só. Tomei a decisão
devido a não querer que a minha instabilidade actual prejudique ou
magoe alguem.
Voltei a passar tempo no
chat.
Conversas de
circunstancia, ocasional desabafo quando a dor aperta, mas nada mais.
Era isso que pretendia. Estava a resultar. Especialmente por eu saber
uqe a maioria não iria reparar em mim, e os que o fazem não estão
interessados em chegar perto de mim.
Estava na situação
ideal. Exposto o suficiente para que ninguem repare que estou o mais
só que alguma vez me senti, que me estou a fechar em mim novamente.
Expus-me o suficiente para que ninguem pudesse ficar preocupado.
Escondido do mundo, sempre
plenamente à vista.
Estava a funcionar, até
que um qualquer utilizador reparou em mim pelas minhas musicas e se
tentou aproximar de mim por isso.
Estou tão habituado à
imagem que outros têm de mim que penso que me esqueci que essa
imagem não é real, apenas o resultado de opções e decisões
passadas. Um passado longinquo já, mas cujos efeitos jamais serão
esquecidos.
Mas desta vez, não fiz
nada de especial.
Não fiz o comuns avisos
sobre mim (toda a gente os ignora de qualquer forma). Não fiz nada.
Apenas respondi.
E mais uma vez dou por mim
a pensar que a decisão pode estar errada...
Mas como de costume,
sempre que encontro alguem assim, há sempre algo que é demasiado
bom para ser verdade. Continuo ainda com essa sensação.
Sempre que descubro alguem
de que me apercebo poder vir a gostar, algo impede isso. Há sempre
um minusculo pormenor que impede que tal aconteça. Estou quase
curioso sobre qual será agora.
Sim, conheci alguém
demasiado bom para existir.
Conheci alguem bom, com
bom gosto, belo, inteligente e capaz de me fazer sorrir só por
estar.
Pergunto-me agora o que
fazer? Mostrar interesse? Já dei a entender. Merda, se eu meto
conversa com alguem é porque acho que vale a pena.
Há muito que perdi a
paciencia para conquistas de uma noite e para provocar sentimentos
que não pretendo retribuir.
Estou cansado.
Se alguem achasse que
valho a pena, tentaria quebrar as minhas barreiras. Acho que ela
ainda nem deu pela sua existencia...
Saber que alguém se
preocupa...
Saber que alguém espera
por uns segundos da minha atenção apenas porque gosta da
companhia...
Ah! como eu gostava de
saber que tal é verdade...
Ah, como eu desejo
partilhar o meu amor e carinho e paixão e desejo...
Não, Chainer. Sabes bem
que a escolha certa não é a escolha fácil e vais ter que aprender
a viver com ela.
A escolha certa... Depois
do meu passado, depois daquilo que nos ultimos meses confirmei... a
escolha é certa, não para a minha felicidade, mas para a minha
(pouca) sanidade.
Não irei suportar o peso
na consciencia de saber que mais alguém ficou marcado para a vida
com uma (ou mais) cicatrizes mentai, ou pior.
Não me parece que alguém
concorde comigo neste ponto, à excepção de todos os que desejam
não ter alguma vez cruzado o meu caminho. Aqueles com quem falei
sobre o caso acham a minha escolha estranha, incomum, fora da minha
forma de ser.
Mas não ouvi qualquer
duvida sobre os seus efeitos. Era perceptivel, no entanto, espelhado
na expressão de cada um, a mesma pergunta obvia: “Não podias ter
decidido tudo isso antes de me conheceres?”
Podia. Devia talvez. Mas
não posso mudar o passado.
Mudei, ou gosto de
acreditar que sim. É precisamente por acreditar que mudei que me
recuso a fazer alguem passaar novamente pelo sofrimento que
anteriormente causei.
Sim, no fundo sempre
guardei esta culpa dentro de mim, acho que desde a morte do Duarte
que assim o é. Todos os outros e outras pelo meio adicionaram à
minha culpa. A Jess era a minha derradeira tentativa de redenção e
esta foi-me negada.
Se houver absolvição,
esta terá que partir de mim, e eu não consigo perdoar-me. Resta-me
a solidão, até ao dia em que finalmente me consiga perdoar, coisa
que duvido que algum dia aconteça.
E no entanto uma parte de
mim culpa-me pela solidão, como se apenas pudesse ser feliz ao lado
de alguém. Culpa-me e faz-me sentir mal pela escolha, mostra-me
todas as faces e expressões de desejo e faz questão de que eu me
aperceba de todos os sinais, obvios ou não, de que qualquer um possa
sentir-se minimamente atraído por mim. É torturante, na verdade...
Torturante pensar que
poderia talvez estar com alguém, podia estar a fazer alguém
feliz... Podia estar eu proprio feliz...
…
É tarde para devaneios e
desabafos. Preciso de me preparar. Mais uma vez, a minha performance
hoje e amanhã definem o que me vai acontecer na proxima semana.
Ganho, e vivo bem mais uma semana. Perco e terei de me desenrascar
com quase nada...
Adoro esta sensação.
Tudo nas minhas mãos. Tudo em jogo.
Está na hora de acabar
com a oposição numa Explosão de Genialidade.
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