Alianças na Noite, Parte II
Acabada a confusão, Jace segue em passo rápido rumo à praça, sem se dar ao trabalho de esperar por ela. Agora que a descarga de adrenalina passou, o cansaço volta aos seus membros e ele só quer voltar a casa e descansar. "A boa acção do mês foi feita. Quero a minha cama."
- Hey! Espera! General!
A terceira palavra faz Jace parar e olhar para trás. A rapariga segue atrás dele, quase a correr, tentando apanhá-lo. Ele espera alguns momentos enquanto ela chega próximo dele, virando-se novamente na direcção da praça quando ela chega ao seu lado, seguindo o caminho dele.
- Mas tu podes esperar, se faz favor?
- Que queres?
- Falar contigo.
- Porquê?
- Quero agradecer-te.
- Não o fiz por ti, fi-lo pela cidade que quero ver existir.
- És um bocado frio, não és?
Jace não responde.
- Vais para onde?
- Casa.
Jace faz sinal a um táxi que circula do outro lado da rua, que rapidamente inverte a marcha e pára junto a eles. Jace entra no banco traseiro, indicando o destino e colocando o cinto de segurança. O taxista não arranca de imediato, permitindo que ela abra a porta e entre para o lado dele, o taxista arrancando de seguida rumo ao destino indicado.
- Não me vou ver livre de ti, pois não?
- Não enquanto não me ouvires.
- Fala.
- Em privado. Falamos em privado.
- Que raios me queres?
- Já te disse, falamos em privado, há ouvidos a mais no carro.
- Então espera. Não devemos demorar muito mais. Começo a pensar que nao te devia ter ajudado.
- Já vais perceber que fizeste bem em fazê-lo. És sempre tão caustico e impaciente?
- Não. Estou exausto. Só quero descansar.
- Óptimo. Já falamos.
Jace não responde. Os poucos minutos até ao termino da viagem passam em silêncio. Quando chegam ao destino, Jace paga a viagem com uma nota e sai sem esperar o troco.
- Mexe-te. Quero cair na cama, acender um charro e apagar até à noite.
- Não devias fumar disso.
- Não devia salvar miúdas fala-barato, mas agora é tarde demais. Anda lá, vá.
Sobem até casa de Jace, e este segue directo para o quarto, com ela imediatamente atrás. Assim que entra na divisão dirige-se à cama e atira-se para cima desta, puxa de um cinzeiro da mesa de cabeceira para cima do peito, tira a cigarreira da gaveta e acende um charro.
- Fecha a porta, puxa a cadeira e senta-te. Presumo que não fumes.
- Só tabaco.
Ela fecha a porta, trancando-a por dentro e senta-se ao lado dele na cama.
- Vivo sozinho, era desnecessário trancares a porta.
- Não sabia.
- Bem, quais são as tuas intenções?
- Agradecer-te.
- Demasiado cansado para apreciar isso. Demasiado cansado para foder.
- Foder? Deves ter-te em alta consideração...
- Porque raios vieste atrás de mim, então?
- Para te agradecer.
- Como?
- Ouvi-te a falar com os meus assaltantes. És o General Fantasma.
- Onde ouviste isso?
- Tenho ouvidos. Fala-se por aí. Como te chamas?
- Jace.
- Vânia.
- Muito gosto, Vânia.
- General Fantasma...
- Que tem?
- Nunca pensei que fosse alguém assim.
- Assim como?
- Tão jovem.
- É. Ninguém pensa isso.
- Bem, é indiferente. Estou em dívida para contigo, quero retribuir. Sou advogada, presumo que precises de uma.
- Para quê? Não pretendo ser apanhado.
- Ainda bem que não, mas se tal acontecer, quero defender-te. Mas há mais que isso.
- Que mais?
- Tenho ouvidos e olhos pela cidade. Foi assim que ouvi falar de ti.
- E...?
- E posso ajudar. Tenho contactos em todas as esquadras da capital.
- Isso pode ser útil. Quais são os níveis de acesso desses contactos?
- Altos. Pessoal próximo do topo. Tens alguém infiltrado?
- Não. Mas já perdi agentes por isso. E é um risco que não posso correr.
- Interessante. Parece que eu posso ser útil afinal.
- Queres parte dos lucros não é?
- Não preciso do teu dinheiro, Jace. A minha família é riquíssima. Tenho tudo o que alguma vez precisarei a esse nível.
- E porque arriscarias a pele ao envolver-te comigo?
- Porque é que tu te arriscaste por mim há pouco?
- Não me arrisquei. Tinha tudo sob controlo.
- Bem, eu tenho tudo sob controlo. És o General Fantasma. Não te envolves directamente, ou alguém saberia quem tu és. Eu posso ser a Princesa Fantasma.
- E se eu recusar?
- Bem, um dos meus contactos pode vir a descobrir que eu te consigo identificar, não é?
Vânia sorri, um misto de inocência e perversão no rosto.
- Hum... és implacável.
- Tal como tu, General. Diz-me, que pretendes fazer desta cidade?
- Controlo. Quero segurança nas ruas. Quero que cenas como a de há pouco sejam simplesmente uma recordação distante.
- Altruísta. E como vais conseguir isso?
- O que causa a grande parte da criminalidade de rua?
- Dinheiro?
- Exacto.
- E então?
- Há duas formas de o conseguir fazer. Garantir oportunidades a quem precisa delas e as merece, e fazer com que temam as consequências de actos que eu desprezo. A lei e a polícia não são suficientes aqui. É preciso medo. É preciso fazê-los temer pelas consequências. A polícia de nada tem servido, porque eles sabem que a polícia tem rédea curta. Eu não tenho.
- Mas tu não podes estar em todo o lado ao mesmo tempo, Jace.
- É por isso que o meu exército existe. Não somos muitos. Mas partilhamos os mesmos ideais. Onde eu cresci, os miúdos podem brincar na rua. As pessoas não receiam sair de casa durante a noite. Quero isso aqui.
- És louco, sonhador e altruísta. Combinação estranha mas que me atrai. Gostava de poder juntar-me a ti.
- Estou demasiado cansado para te dar uma resposta.
- Vamos dormir. Amanhã falamos sobre isso.
- O sofá é sofá-cama.
- Chega mas é para lá. Não gosto de sofás, e a tua cama chega bem para nós dois.
- Como quiseres...
Jace despe-se, ficando de boxers, e Vânia segue o exemplo, tirando tudo menos as cuecas e o soutien.
- Nada de ideias esquisitas, Jace.
- Já te disse que estou demasiado cansado para foder.
Um sorriso no rosto de ambos. Deitam-se, e Vânia acaba por abraçá-lo. Adormecem assim, encostados. Amanhã podem definir planos em conjunto. Agora é tempo de descanso.
Acabada a confusão, Jace segue em passo rápido rumo à praça, sem se dar ao trabalho de esperar por ela. Agora que a descarga de adrenalina passou, o cansaço volta aos seus membros e ele só quer voltar a casa e descansar. "A boa acção do mês foi feita. Quero a minha cama."
- Hey! Espera! General!
A terceira palavra faz Jace parar e olhar para trás. A rapariga segue atrás dele, quase a correr, tentando apanhá-lo. Ele espera alguns momentos enquanto ela chega próximo dele, virando-se novamente na direcção da praça quando ela chega ao seu lado, seguindo o caminho dele.
- Mas tu podes esperar, se faz favor?
- Que queres?
- Falar contigo.
- Porquê?
- Quero agradecer-te.
- Não o fiz por ti, fi-lo pela cidade que quero ver existir.
- És um bocado frio, não és?
Jace não responde.
- Vais para onde?
- Casa.
Jace faz sinal a um táxi que circula do outro lado da rua, que rapidamente inverte a marcha e pára junto a eles. Jace entra no banco traseiro, indicando o destino e colocando o cinto de segurança. O taxista não arranca de imediato, permitindo que ela abra a porta e entre para o lado dele, o taxista arrancando de seguida rumo ao destino indicado.
- Não me vou ver livre de ti, pois não?
- Não enquanto não me ouvires.
- Fala.
- Em privado. Falamos em privado.
- Que raios me queres?
- Já te disse, falamos em privado, há ouvidos a mais no carro.
- Então espera. Não devemos demorar muito mais. Começo a pensar que nao te devia ter ajudado.
- Já vais perceber que fizeste bem em fazê-lo. És sempre tão caustico e impaciente?
- Não. Estou exausto. Só quero descansar.
- Óptimo. Já falamos.
Jace não responde. Os poucos minutos até ao termino da viagem passam em silêncio. Quando chegam ao destino, Jace paga a viagem com uma nota e sai sem esperar o troco.
- Mexe-te. Quero cair na cama, acender um charro e apagar até à noite.
- Não devias fumar disso.
- Não devia salvar miúdas fala-barato, mas agora é tarde demais. Anda lá, vá.
Sobem até casa de Jace, e este segue directo para o quarto, com ela imediatamente atrás. Assim que entra na divisão dirige-se à cama e atira-se para cima desta, puxa de um cinzeiro da mesa de cabeceira para cima do peito, tira a cigarreira da gaveta e acende um charro.
- Fecha a porta, puxa a cadeira e senta-te. Presumo que não fumes.
- Só tabaco.
Ela fecha a porta, trancando-a por dentro e senta-se ao lado dele na cama.
- Vivo sozinho, era desnecessário trancares a porta.
- Não sabia.
- Bem, quais são as tuas intenções?
- Agradecer-te.
- Demasiado cansado para apreciar isso. Demasiado cansado para foder.
- Foder? Deves ter-te em alta consideração...
- Porque raios vieste atrás de mim, então?
- Para te agradecer.
- Como?
- Ouvi-te a falar com os meus assaltantes. És o General Fantasma.
- Onde ouviste isso?
- Tenho ouvidos. Fala-se por aí. Como te chamas?
- Jace.
- Vânia.
- Muito gosto, Vânia.
- General Fantasma...
- Que tem?
- Nunca pensei que fosse alguém assim.
- Assim como?
- Tão jovem.
- É. Ninguém pensa isso.
- Bem, é indiferente. Estou em dívida para contigo, quero retribuir. Sou advogada, presumo que precises de uma.
- Para quê? Não pretendo ser apanhado.
- Ainda bem que não, mas se tal acontecer, quero defender-te. Mas há mais que isso.
- Que mais?
- Tenho ouvidos e olhos pela cidade. Foi assim que ouvi falar de ti.
- E...?
- E posso ajudar. Tenho contactos em todas as esquadras da capital.
- Isso pode ser útil. Quais são os níveis de acesso desses contactos?
- Altos. Pessoal próximo do topo. Tens alguém infiltrado?
- Não. Mas já perdi agentes por isso. E é um risco que não posso correr.
- Interessante. Parece que eu posso ser útil afinal.
- Queres parte dos lucros não é?
- Não preciso do teu dinheiro, Jace. A minha família é riquíssima. Tenho tudo o que alguma vez precisarei a esse nível.
- E porque arriscarias a pele ao envolver-te comigo?
- Porque é que tu te arriscaste por mim há pouco?
- Não me arrisquei. Tinha tudo sob controlo.
- Bem, eu tenho tudo sob controlo. És o General Fantasma. Não te envolves directamente, ou alguém saberia quem tu és. Eu posso ser a Princesa Fantasma.
- E se eu recusar?
- Bem, um dos meus contactos pode vir a descobrir que eu te consigo identificar, não é?
Vânia sorri, um misto de inocência e perversão no rosto.
- Hum... és implacável.
- Tal como tu, General. Diz-me, que pretendes fazer desta cidade?
- Controlo. Quero segurança nas ruas. Quero que cenas como a de há pouco sejam simplesmente uma recordação distante.
- Altruísta. E como vais conseguir isso?
- O que causa a grande parte da criminalidade de rua?
- Dinheiro?
- Exacto.
- E então?
- Há duas formas de o conseguir fazer. Garantir oportunidades a quem precisa delas e as merece, e fazer com que temam as consequências de actos que eu desprezo. A lei e a polícia não são suficientes aqui. É preciso medo. É preciso fazê-los temer pelas consequências. A polícia de nada tem servido, porque eles sabem que a polícia tem rédea curta. Eu não tenho.
- Mas tu não podes estar em todo o lado ao mesmo tempo, Jace.
- É por isso que o meu exército existe. Não somos muitos. Mas partilhamos os mesmos ideais. Onde eu cresci, os miúdos podem brincar na rua. As pessoas não receiam sair de casa durante a noite. Quero isso aqui.
- És louco, sonhador e altruísta. Combinação estranha mas que me atrai. Gostava de poder juntar-me a ti.
- Estou demasiado cansado para te dar uma resposta.
- Vamos dormir. Amanhã falamos sobre isso.
- O sofá é sofá-cama.
- Chega mas é para lá. Não gosto de sofás, e a tua cama chega bem para nós dois.
- Como quiseres...
Jace despe-se, ficando de boxers, e Vânia segue o exemplo, tirando tudo menos as cuecas e o soutien.
- Nada de ideias esquisitas, Jace.
- Já te disse que estou demasiado cansado para foder.
Um sorriso no rosto de ambos. Deitam-se, e Vânia acaba por abraçá-lo. Adormecem assim, encostados. Amanhã podem definir planos em conjunto. Agora é tempo de descanso.
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